...
O que gostava de ter escrito!
Todos e quaisquer amores com que fui aforado aconteceram da continuidade. Aconteceram da soma de partes bem definidas. Amei pelo convívio, pela coincidência de gostos, pelo grau de semelhança, pela qualidade da relação, pelas acesas e profícuas discussões. Amei nos gracejos, nas brincadeiras, no espelho do júbilo. Amei nas confidências. Amei na cumplicidade. A cumplicidade é já prova que se ama. Quando amei, amava mais à segunda do que ao sábado. Quando amei, nunca o foi por mera atracção plástica, pela formosura ou pela breve e precipitada sedução. Amei depois de longas conversas que antecipavam a tranquilidade. Conversas lustrosamente observadas. Conversas que se iniciavam nos olhos, que seguravam os braços e as mãos, que se trancavam na presença e que continuavam no olhar.Nunca amei nenhuma amiga minha. Só internamente e em segredo. Sempre entendi o amor como um grande segredo, já desde os tempos da escola primária; como se de um amigo secreto que se tivesse de esconder se tratasse. Um menino gosta de uma menina e ninguém sabe. Uma menina gosta de um menino e não conta a ninguém. Guardam ambos o amor num coração atravessado pelas setas do Cupido e com iniciais de cada um numa folhinha rasgada e dobrada em quatro e escondida no forro da mochila. Não havia melhor escondedouro para o amor que não fosse dentro de uma fraterna amizade.A amizade não é amiga do amor. O amor, uma vez concluído, encerra a amizade inicial. Assim que se declara não há volta a dar. A amizade, para poder prosseguir, não pode conhecer a verdade do amor; se o amor irrompe põe-se termo à amizade, se o amor finda, em igual medida, se termina uma amizade.
Não quero ser amigo de quem amo.
Quero ambos parcelados.
Não confundo o todo pelas partes.
Maravilhosamente escrito por Ele in Gostar à Bruta.
Todos e quaisquer amores com que fui aforado aconteceram da continuidade. Aconteceram da soma de partes bem definidas. Amei pelo convívio, pela coincidência de gostos, pelo grau de semelhança, pela qualidade da relação, pelas acesas e profícuas discussões. Amei nos gracejos, nas brincadeiras, no espelho do júbilo. Amei nas confidências. Amei na cumplicidade. A cumplicidade é já prova que se ama. Quando amei, amava mais à segunda do que ao sábado. Quando amei, nunca o foi por mera atracção plástica, pela formosura ou pela breve e precipitada sedução. Amei depois de longas conversas que antecipavam a tranquilidade. Conversas lustrosamente observadas. Conversas que se iniciavam nos olhos, que seguravam os braços e as mãos, que se trancavam na presença e que continuavam no olhar.Nunca amei nenhuma amiga minha. Só internamente e em segredo. Sempre entendi o amor como um grande segredo, já desde os tempos da escola primária; como se de um amigo secreto que se tivesse de esconder se tratasse. Um menino gosta de uma menina e ninguém sabe. Uma menina gosta de um menino e não conta a ninguém. Guardam ambos o amor num coração atravessado pelas setas do Cupido e com iniciais de cada um numa folhinha rasgada e dobrada em quatro e escondida no forro da mochila. Não havia melhor escondedouro para o amor que não fosse dentro de uma fraterna amizade.A amizade não é amiga do amor. O amor, uma vez concluído, encerra a amizade inicial. Assim que se declara não há volta a dar. A amizade, para poder prosseguir, não pode conhecer a verdade do amor; se o amor irrompe põe-se termo à amizade, se o amor finda, em igual medida, se termina uma amizade.
Não quero ser amigo de quem amo.
Quero ambos parcelados.
Não confundo o todo pelas partes.
Maravilhosamente escrito por Ele in Gostar à Bruta.
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