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Monday, July 25, 2005

Inacreditável...



Polícia mantém ordem para matar...

por: helena tecedeiro


A polícia britânica mantém a ordem para matar com uma bala na cabeça os presumíveis kamikazes, anunciou ontem o chefe da Scotland Yard, Ian Blair, que apresentou as suas desculpas à família do jovem brasileiro morto por agentes à paisana na passada sexta-feira. A morte de Jean Charles de Menezes, um electricista sem qualquer ligação aos atentados, levantou a polémica sobre a legitimidade dos métodos usados pela polícia britânica.

Blair considerou este incidente como uma "tragédia" e assumiu a responsabilidade pelo erro cometido, mas admitiu a possibilidade de ocorrerem mais mortes durante as investigações aos atentados de 7 e 21 de Julho em Londres.

"Poderá haver mais mortes. Espero que isso não aconteça. Fazemos os possíveis para que tudo corra bem, mas as decisões são tomadas em circunstâncias muito difíceis", declarou Ian Blair à televisão Sky News. O chefe da polícia britânica explicou que não irá alterar as regras seguidas pelas unidades armadas da Scotland Yard, confrontadas com indivíduos suspeitos de carregarem bombas e dispostos a fazê-las explodir.
"Não adianta" atingir o suspeito no peito porque "é aí que se encontra a bomba", explicou Blair. Feri-lo também não é uma opção, uma vez que, "se cair, o terrorista irá detonar os explosivos". Estes métodos revelam uma estratégia mais agressiva da Scotland Yard, inspirada na experiência de Israel ou do Sri Lanka.

A imprensa britânica comparava ontem a actual estratégia da Scotland Yard com os métodos usados na luta contra o Exército Republicano Irlandês (IRA). Mas os analistas afirmam que a ameaça dos bombistas suicidas é muito maior do que a do IRA nos anos 70, 80 e 90. A morte de Menezes mostrou que a política do "atirar para matar" pode ter consequências trágicas.

Em declarações à Radio 4 da BBC, Jack Straw, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, lamentou a morte do brasileiro de 27 anos, mas sublinhou a "pressão" a que os agentes estão submetidos.

No sábado, a polícia admitira que o homem abatido na estação de metro de Stockwell estava inocente. Menezes terá saído de uma casa no bairro de Tulse Hill, vigiada por suspeitas de ligação aos atentados de quinta-feira. A polícia seguiu-o, mas "a sua roupa e o seu comportamento acentuaram as suspeitas", explicou a Scotland Yard, que se recusou a dar detalhes sobre as circunstâncias da sua morte, uma vez que esta será agora alvo de dois inquéritos oficiais.

A família de Menezes ficou destroçada pela morte do jovem e exigiu esclarecimentos à polícia. Para Alex Pereira, primo da vítima que também vive em Londres, "as desculpas não chegam. A morte do meu primo deve-se à incompetência da polícia." Celso Amorim, chefe da diplomacia brasileira, lamentou a morte de um "inocente" devido a um erro da polícia. Amorim esteve ontem em Londres onde se reuniu com David Triesman, ministro adjunto dos Negócios Estrangeiros britânico.

A morte de Menezes gerou reacções de repúdio por parte da comunidade muçulmana. "Podem existir boas razões para que a polícia tenha de disparar cinco tiros contra um homem, mas é preciso que fiquem claras", afirmou o Conselho Muçulmano do Reino Unido. Ontem, trinta brasileiros reuniram-se frente ao Parlamento britânico, em Londres, para protestar contra a actuação da polícia.

O dia ficou ainda marcado por uma série de explosões controladas pela polícia, num parque londrino onde, na véspera, fora encontrado um embrulho suspeito. Além disso, mais de 200 familiares e amigos das vítimas de dia 7, bem como alguns sobreviventes, visitaram os locais das quatro explosões, que fizeram 56 mortos e 700 feridos.

in: http://dn.sapo.pt/2005/07/25/internacional/policia_mantem_ordem_para_matar.html

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